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terça-feira, 29 de outubro de 2013

O QUE ME INSPIROU



Dizem que toda longa caminhada começa com um primeiro passo...

Há alguns anos escrevo poemas. Isso não é segredo para muitos, mas realmente alguns outros não sabem. Engraçado que o que me motivou a começar a escrever foi um outro escrito. Certa vez, quando eu estava num cursinho assistindo aula, estava lendo um quadrinho (acho que do Wolverine) e ao final da revista havia um poema. Um bonito poema em inglês e sua tradução feita por José Paulo Paes. O autor? William Blake, pintor e poeta inglês.

Nesta postagem então, deixo minha homenagem ao homem (nascido no século XVIII) que, com suas palavras, me incentivou a escrever. Hoje, já são mais de 400 poesias de minha autoria (claro que nem tudo presta, rsrs, mas tem umas que se salvam!). Segue o poema original e sua tradução!


→  The Tyger.

(William Blake)

Tyger! Tyger! Burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wing dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And what shoulder, and what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? And what dread feet?

What the hemmer? What the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears,
And water'd heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger! Tyger! Burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?

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→  O Tigre.
(Tradução por:José Paulo Paes)

Tigre! Tigre! Viva chama
Que as florestas da noite inflama
Que olho ou mão imortal podia
Traçar-te a horrível simetria?

Em que abismo ou longe céu ardeu
O fogo dos olhos teus?
Com que asas ousou ele o vôo?
Que mão ousou pegar o fogo?

Que arte e braço pôde então
Torcer-te as fibras do coração?
Quando ele já estava batendo,
Que mão e que pés horrendos?

Que cadeia? Que martelo,
Que fornalha teve o teu cérebro?
Que bigorna? Que tenaz
Pegou-lhe os horrendos mortais?

Quando os astros alancearam
O céu e em pranto o banharam,
Sorriu ele ao ver seu feito?
Fez-te quem fez o Cordeiro?

Tigre! Tigre! viva chama
Que as florestas da noite inflama,
Que olho ou imortal mão ousaria
Traçar-te a horrível simetria?

William Blake (1757 - 1827)

domingo, 20 de outubro de 2013

DAS ARMADAS E COMENSAIS


Saudações, caros leitores!

Não é de hoje que a saga Harry Potter me traz ensinamentos. Desde como tornar-se imortal perante o mundo (clique aqui para ler sobre isso) à saber escolher a coisa certa pela qual lutar! Este texto, é mais uma de minhas descobertas inspiradas pelo mundo fantástico!

Ao longo da travessia por este mundo, nos deparamos com caminhos esquisitos que, muitas vezes, nos levam aos lugares indesejáveis. Muitos desses caminhos serão trilhados por pessoas que deram os primeiros passos sem saber onde, de fato, aquele caminho iria parar. Muitos não voltarão atrás, por várias razões. Alguns poucos retornarão.

No universo Potteriano, os Comensais da Morte são aqueles que juraram lealdade ao Lord das Trevas, Voldemort. Devem seguir o líder em sua missão de dominar o mundo bruxo. A pena para o fracasso ou traição, é a morte. Já a Armada Dumbledore, foi criada e formada por um grupo de estudantes para aprenderem Defesa Contra as Artes das Trevas. E quem diria que essas mensagens literárias fossem tão reais... Vamos entender um pouco mais.

Os Comensais da Morte entraram para o grupo de Lord Voldemort, em vários casos, por algum interesse em particular e para estar próximo do dito mais poderoso bruxo. O pensamento de se dar bem, ainda que isso passe por cima de outros. A opção de ingressar por opção o grupo dos Comensais, logo transformou-se em medo de sair do grupo, pois aquilo representaria a morte na certa. 
Comensais da Morte

A Armada Dumbledore começou diferente. Naturalmente... Sem o conhecimento do homem que leva o nome da Armada. Começou por uma sintonia de sentimentos de alguns que admiravam o caráter daquele Bruxo. Voluntariamente criaram e voluntariamente permaneceram enquanto Armada! E que grande diferença...
Armada Dumbledore

Enquanto um dava ordens, o outro ensinava defesas...

Enquanto um dava as respostas, o outro trazia as perguntas, para que as respostas fossem buscadas no cerne de cada um...

Enquanto um se escondia e agia de forma vil, o outro era honrado e nunca lhe faltou uma palavra de sabedoria...

Enquanto um atacava alguns de seus próprios, o outro os protegia, mesmo sem que os seus soubessem...

Enquanto este é envolto de trevas, o outro irradia Luz.

E esta é uma metáfora da Vida. 

Existem dois tipos de gente no mundo: aquelas que optaram por serem Comensais, e aquelas que souberam criar suas Armadas. Eu posso afirmar com toda certeza do mundo, que no mundo espiritual, estou do lado da Armada. Uma poderosa Armada...


terça-feira, 15 de outubro de 2013

SONETO DO PROFESSOR


→ Soneto do Professor

Anima-te, pois é este o teu destino
E eu que não creio em tais coisas
Admiro-te ainda mais, porque ousas
Mudar o mundo através do teu sorriso.

Com a fonte do Conhecimento
Dás de beber aos seres sedentos.
Como se não bastasse, dá-lhes sentimentos
Como quem acolhe àquele que não tem abrigo.

Lutas contra tudo e todos... (e são tantos)
Por mudanças que talvez nem possas presenciar
E nunca vi para ti, nenhum altar.

Escritor da vida que transforma em livro
Os papéis que recebeu em branco. Se não são deuses os teus,
Interfiro no poder de Deus e nomeio a todos: Anjos.

Rodrigo Cavalcanti Felipe (Sensei)

domingo, 6 de outubro de 2013

DICA DE FILME #9 - O FANTASMA DA ÓPERA




The Phantom of the Opera (br / pt: O Fantasma da Ópera), é um filme estadunidense e britânico de 2004, do gênero drama musical, dirigido por Joel Schumacher, e com roteiro de Andrew Lloyd Webber e Joel Schumacher, baseado em novela de Gaston Leroux.

Num leilão realizado no Teatro da Ópera de Paris, Raoul, o Visconde de Chagny, oferece uma soma por uma estranha caixa de música. Nos transportamos então para a juventude de Raoul... Nos ensaios de uma nova obra, Hannibal, Lefèvre, gerente do teatro, decide apresentar os novos gerentes do teatro, já que vai se aposentar, sendo estes, Andre e Firmin. Carlotta, a soprano, resolve não cantar na peça após quase ser morta por uma queda da tela. Os novos gerentes ficam sabendo que já ocorreram vários incidentes no local, os quais todos acreditam ser obra do Fantasma. Madame Giry indica Christine Daaé para cantar substituindo Carlotta, o que de fato acontece. Raoul, patrocinador do Teatro, manifesta entusiasmo pela nova estrela, e vai em seu camarim visitá-la. Enquanto Christine está sozinha, aparece uma figura atrás do espelho: o Fantasma. Este leva Christine para a escuridão além do espelho e a conduz através de um labirinto secreto. Christine dorme nos aposentos do Fantasma, mas no dia seguinte pede para voltar.


Todos recebem cartas do Fantasma, que exige que Carlotta seja substituída por Christine no papel principal da reestréia da ópera II Muto, mas os gerentes asseguram Carlotta de que ela terá o seu lugar mantido. Irritado, o Fantasma faz com que Carlotta emita o coaxar de um sapo, e Andre a substitui por Christine. A presença do Fantasma segue manifestando-se- quando o corpo de Buquet, o operador dos panos de fundo, cai da tela do teatro com uma corda atada ao pescoço. Christine refugia-se- com Raoul no terraço, mas despertam a fúria do Fantasma quando este os vê juntos.

Num baile de máscaras todos celebram o Ano Novo e o desaparecimento do Fantasma. Raoul e Christine ficam noivos em segredo. Em plena celebração, uma estranha figura desce pela escada. O Fantasma voltou. Ele lança a partitura de sua nova obra, Don Juan Triunfante, a Andre e ordena que ele a monte. Os cantores têm dificuldade para aprender a partitura dissonante. Christine visita o túmulo de seu pai. Ela sabe que se puder libertar-se de sua memória não ficará mais dominada pelo Fantasma, que aparece no cemitério e mostra a ela que ela precisa dele também, até que Raoul chega. O Fantasma, enfurecido, declara guerra a ambos.

Na cena final da ópera, Christine se dá conta de que o Fantasma está no lugar de Piangi, tenor principal da companhia que foi assassinado, no papel de Don Juan. Mesmo cercado pela polícia, o Fantasma consegue escapar levando Christine consigo. Madame Giry aceita levar Raoul até o Fantasma. Raoul escapa de uma armadilha que quase o mata afogado. No abrigo subterrâneo, Christine o enfrenta, dizendo que sua verdadeira deformação está em sua alma, não em seu rosto. Raoul chega e o Fantasma o prende. Ele ameaça Christine dizendo que se ela não ficar com ele para sempre, só verá Raoul morto. A multidão se aproxima cada vez mais. O Fantasma declara que é apaixonado por Christine e vendo que com ele, ela jamais seria completamente feliz, a manda embora com Raoul. Christine solta Raoul e volta ao quarto do Fantasma e a ele entrega uma aliança. A multidão desce até o esconderijo mas tudo que resta do Fantasma é a sua máscara branca. Talvez em vida o Fantasma não tenha ficado com Christine. Mas quem garante como foi após a morte?


A música de Lloyd Weber Learn to be lonely não foi encaixada na ópera. Na montagem de 2004 do filme, porém, a música foi posta nos créditos, indicado inclusive para o Oscar 2005 por Melhor Canção Original.

ELENCO:

Gerard Butler .... Fantasma
Emmy Rossum .... Christine Daaé
Patrick Wilson .... Visconde Raoul de Chagny
Miranda Richardson .... Madame Giry
Minnie Driver .... Carlotta
Ciarán Hinds .... Firmin
Simon Callow .... Andre
Victor McGuire .... Piangi
Jennifer Ellison .... Meg Giry
Murray Melvin .... Reyer
Kevin McNally .... Buquet
James Fleet .... Lefevre
Halcro Johnston .... Passirino
Chris Overton .... Fantasma - jovem
Jesika Cannon .... Christine - jovem
Annabel Porter .... Meg - jovem
Laura Lounsom .... Madame Giry - jovem
Max Thomas .... Raoul - jovem


TRILHA SONORA:
Todas as canções presentes no filme são composições de Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard Stilgoe, à exceção da música The phantom of the opera que teve a colaboração de Mike Batt. A versão ouvida no filme é cantada pelos atores do elenco. A única atriz que não canta as canções é Minnie Driver, a Carlota. Sempre que sua personagem canta, a voz que se ouve é da professora de canto Margaret Preece, porém Minnie Driver canta a última música do filme, Learn to be lonely, a música dos créditos finais .
1 - Auction at the Opera Populaire, 1919 (Prologue)
2 - Hannibal
3 - Think of Me
4 - Angel of Music
5 - Little Lotte
6 - The Mirror (Angel of Music-Reprise)
7 - The Phantom of the Opera
8 - The Music of the Night
9 - Magical Lasso
10 - Notes
11 - Prima Donna
12 - Poor Fool, He Makes Me Laugh
13 - Il Muto
14 - Why Have You Brought Me Here?
15 - Raoul I've Been There
16 - All I Ask of You
17 - All I Ask of You (Reprise)
18 - Masquerade
19 - Why So Silent
20 - Ultimatums
21 - Journey To the Cemetery
22 - Wishing You Were Somehow Here Again
23 - Wandering Child
24 - We Have All Been Blind
25 - Twisted Every Way
26 - Don Juan
27 - The Point of No Return
28 - Down Once More
29 - Track Down This Murderer
30 - Learn To Be Lonely

PRINCIPAIS PRÊMIOS E INDICAÇÕES

Oscar 2005 (EUA)
Indicado nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Canção Original (Learn To Be Lonely)

Academia Japonesa de Cinema 2006 (Japão)
Indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Globo de Ouro 2005 (EUA)
Indicado nas categorias de Melhor Filme - Musical ou Comédia, Melhor Canção Original - Cinema ('Learn To Be Lonely) e Melhor Atuação de Atriz de Cinema - Musical ou Comédia

CURIOSIDADES

→ Sarah Brightman iria gravar a versão do musical para o cinema, porém seu divorcio com Andrew Lloyd Webber complicaram o inicio das gravações e deixaram o projeto para outra oportunidade.

→ É o filme independente mais caro já realizado.
→ John Travolta e Antonio Banderas foram testados para o papel do Fantasma.
→ Keira Knightley fez teste para o papel de Christine Daaé, e Charlotte Church e Anne Hathaway foram testadas para o papel de Christine Daaé.
→ Katie Holmes quase foi contratada para o papel de Christine, mas o diretor disse que ela estava um pouco mais velha para fazer a personagem.
→ Levava quatro horas para que Gerard Butler finalizasse sua maquiagem e a colocação da prótese.
→ O Fantasma fala apenas 14 de suas linhas e canta o restante.
→ O roteiro foi escrito no sul da França em 1989 por Joel Schumacher e Andrew Lloyd Webber.
→ Na capa do filme, o fantasma aparece com a mascara no lado esquerdo do rosto, enquanto no filme a mascara é no lado direito.


OPINIÃO PESSOAL

Um dos musicais mais lindos que já assisti. De uma trilha sonora impecável e de representações satisfatórias. Apresentações como Masquerade já valeriam o filme no quesito "Arte". As letras das músicas foram escritas sob uma forte e bela inspiração e a história também é muito boa. Um romance misturado à drama que emociona aqueles que sabem sentir. É um filme tão bom, que mesmo tendo assistido algumas vezes, vez por outra me pego no youtube assistindo uma ou outra canção representada no filme. É um dos filmes que faço questão de ter original em minha estante.

Espero que vocês assistam e comentem aqui na postagem o que acharam! :)

Segue link do filme completo para assistir no Youtube. Mas recomendo que baixem ou comprem, pois a qualidade será muito melhor!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ERA UMA VEZ... (Texto de Henrique Júnior)

OBS: Este texto é do nobre irmão Henrique Rodrigues de Oliveira Júnior, e está sendo publicado neste Blog por passar algo em palavras que eu acredito piamente, e pela minha incapacidade de transmitir algo semelhante através de minhas palavras. Boa Leitura! (Publicação feita originalmente no nosso antigo Blog "O Fio da Katana", em 05 de julho de 2010)

ERA UMA VEZ um tempo: o tempo do "Era uma vez...". Neste tempo, hoje aparentemente tão distante, e quase irreal ao ponto de quase tornar-se também um mito, as pessoas se ocupavam mais com os livros, e estes eram grandes objetos de poder. De fato, os livros eram singularmente poderosos, e possuíam magia própria: eram como portais entre o mundo da fantasia e o mundo real.


Lembro-me bem que vivi aqueles dias. Hoje estas recordações possuem sabor de sonhos bons, quase esquecidos. Lembro-me dos livros de capa dura e dos desenhos que ilustravam as histórias. As páginas sempre funcionavam em par: imagem em uma, narrativa em outra. Lembro-me também dos diminutos LPs coloridos que nada mais eram que as histórias contadas e cantadas, interpretadas por atores que se tornavam, para as crianças que as ouviam, os próprios personagens. O sonho, então, tornava-se ainda mais vívido e real: eles tinham vozes, portanto, eram reais!

Lembro-me que vieram, então, os filmes. Desenhos animados em longas metragens. Primeiro, na tela dos cinemas. Depois, na tela da televisão. Posteriormente, ainda na tela da televisão, mas promovidos pela tecnologia do VHS.


Um dos personagens que mais me encantou foi o Pequeno Nemo, do filme  "Little Nemo In Slumberland". Para minha extrema infelicidade, não se acha mais este filme em lugar algum (salvo alguns trechos no youtube). Mas, como eu dizia, tal foi minha identificação com este magnífico personagem, que eu mesmo me via, e me vejo até os dias de hoje, como um "Pequeno Nemo": o mundo dos sonhos, para mim, chega a ser tão ou mais real que o famigerado "mundo real"... E eu me transporto com grande facilidade para este mundo, e nele encontro um tipo de felicidade que não pertence ao mundo convencional. Foi ao ter contato com a história do Pequeno Nemo que vislumbrei, pela primeira vez, como seria bom ter o poder de transportar-se, totalmente, e completamente, para o Mundo dos Sonhos, de modo a poder viver o meu próprio Conto de Fadas.

Hoje, quando penso em minha vida, rememorando os dias de infância, tão agradáveis que vivem na memória com a nitidez do ontem, sinto que ela também tem um tom de "era uma vez". Era uma vez o LP. Era uma vez o VHS. Era uma vez uma TV sem controle remoto. Era uma vez livros de Contos de Fadas lidos em família, em noites especiais, quando todos estavam em casa: pai, mãe - as vezes avô e avó - e filhos. Quanto mais penso nestes dias, tanto mais comparo com o que se tem nos dias de hoje. Quando estas comparações ocorrem, não deixo de me ver como felizardo, e de lamentar pelos jovens e infantes de hoje.

Eu fui criança (e talvez ainda seja). Tive brinquedos e jogos, mas acima de tudo, tive sonhos. E muitos da minha geração também foram assim. Nós, que ontem fomos os "adultos do amanhã", já somos adultos, mas boa parte de nós ainda preserva seus sonhos e fantasias. Ainda se encanta e ainda sonha. Mas, e a geração de hoje? Como estão?


Parece-me que ela, a geração de crianças e jovens de hoje em dia, não possuem esta oportunidade - ou dela não se aproveitam bem, e quanto mais os dias se passam, mais ela se torna uma oportunidade prematuramente perdida. A beleza poética que existia nos Contos de Fadas fora, paulatina e progressivamente, substituída pela ação rápida e enervante e pela torrente de violência gratuita de aventuras drásticas e pouco dramáticas.


Adoro artes marciais, e adoro ação. Mas gosto muito mais delas quando acompanhadas de um drama e de uma trama à moda de "Heroi", estreado por Jet Li em 2002. Sou uma pessoa à moda antiga: o romance dramático é o tempero de minha alma, e nada me agrada mais do que o eterno "clichê" de uma luta por amor, por honra, ou por dever. Neste ínterim, gosto de sentir a evolução do universo interno do personagem, pois eu mesmo cresço junto com ele, e no fim, eu e ele somos um, e o espectador se dissolve no personagem heroico, e o herói se dissolve no espectador sonhador.

E talvez seja justamente isto que dê, às gerações que sucedem a minha, alguma esperança.


O desejo pelo "mágico", pelo "místico" e pelo "sobrenatural" existe e sobrevive no íntimo de cada ser. Os sinais são evidentes e notórios. Basta observar a crescente safra de histórias e contos fantásticos que surgem. A fantasia do ocidente encontra-se com a do oriente. Hoje os HQ's se confundem com Mangás e os Desenhos Animados com Animes. Os mitos e lendas de povos distantes ganham vida, com direito a imagens dinâmicas e sons vívidos, nas telas dos cinemas e da televisão. Os jogos eletrônicos se desdobram em milhares e milhares de personagens, para todos os gostos, cada um mais mirabolante e fantástico que os outros. Naruto que o diga...


Há quem diga, é claro, que estas coisas todas não são legítimos "Contos de Fadas". Que são arremedos apenas. Mas então, pergunto-me: que são os "Contos de Fadas"? Não se trata de modo algum de uma apologia à Disney. Não foi ela quem criou os Contos de Fadas, nem detêm qualquer monopólio sobre estes. Os Contos de Fadas são universais, desconhecem as fronteiras do tempo e do espaço, não se esgotam e não saem de moda. São, ao contrário, cada vez mais modernos e atraentes. Sabe-se que há estudos Acadêmicos de grande seriedade que se ocupam com os Contos de Fadas, e que a própria filosofia, bem como tantas e tantas correntes psicológicas, estudam estes textos, mas a verdade, a Grande Verdade é bem simples e modesta: os Contos de Fadas são momentos de inspiração que se perpetuam e se transmitem de pessoa à pessoa.

Personagens que lutam contra maldições como o vampirismo ou a licantropia. Personagens que buscam a si mesmos, numa jornada épica. Personagens que lutam contra o destino, ou que tentam dar-lhe realização. Magos e bruxas, bestas demoníacas e armas encantadas, fadas e animais falantes. E, no fim, um ato heroico que desdobra-se na maior das realizações pessoais de cada personagem, sendo que, na maioria das vezes, o desejo deles faz eco aos nossos: estar com o ser amado e com ele viver "feliz para sempre". E toda vez que adentramos no universo de um Conto de Fadas qualquer, acabamos por nos inspirar neles, e por eles.

Ah, a inspiração...



"A Bela Adormecida" é fruto de inspiração, e veio da mesma fonte que "O Senhor dos Aneis". "Branca de Neve e os Sete Anões" foi em seu tempo fruto de inspiração, tanto quanto Harry Potter o é nos dias de hoje. "Peter Pan" é fruto de uma inspiração de um ser humano, e do mesmo modo o "Avatar - a lenda de Aang" também é. O "Sonho de uma noite de verão" e "O Pequeno Príncipe" também. Os exemplos são infindáveis, e cada vez surgem mais. E cada um deles dá, a quem o lê com o coração, iguais momentos de inspiração. E de quem se inspira e cria, a quem vê e se inspira, a inspiração é sempre a mesma. A magia permanece intacta. A diferença é que, nos Contos de Fadas há uma história, há uma trama, há  questão moral implícita, e há além e acima disto tudo, a inocência, a magia, a beleza e a sedução que lhe são próprios.


Talvez seja verdade que os filmes de hoje, as tantas histórias em quadrinhos e mangás, desenhos e animes, games e tudo mais, não se comparem em estilo e categoria com os "verdadeiros" Contos de Fadas. Mas creio que, se eles possuem o poder de encantar e de fazer sonhar, e se trazem boas histórias, e se possuem uma trama interessante, e se trabalham com questões morais, implícitas ou não, então possuem tudo para serem, para alguém de espírito sensível, mente fértil e criatividade ativa, um excelente Conto de Fadas.

Vida longa aos personagens de Contos de Fadas, os bons e os maus. Que eles continuem a encantar e impressionar. Que continuem à entreter e ensinar. Que continuem a movimentar sonhos e esperanças. Afinal de contas, o que nos diferencia das máquinas talvez seja, numa simples expressão coloquial e um tanto quanto lírica, o poder de sonhar.

Pensamentos sectaristas não me agradam. Não devemos nos ater à extremos, tampouco devemos ser isolacionistas: ou só isto, ou só aquilo. Se temos tantas alternativas ao exercício da imaginação, e se nada nos impede de utilizarmos a todos, então, que os utilizemos todos, sem qualquer distinção. Entretanto, a bem da verdade, está faltando um pouco do bom e velho "Conto de Fadas", publicado e com imagens, na vida de nossos infantes e jovens. Enquanto preservarmos e usufruirmos do "poder de sonhar", permitiremos que nosso próprio viver torne-se um conto de fadas. Mas sonhar, apenas, não dá: é preciso sonhar com qualidade.


Creio eu que quando nossos sonhos e nossas vidas se tornarem sinônimas, então sim, poderemos ser, verdadeiramente, "Felizes para Sempre"!